Com a compra da
Medial e o lançamento de marca, a empresa dá seu maior salto no setor de
saúde privada e passa a atender consumidores de todas as classes sociais
Amauri Segalla e Tatiana Vaz
A Medial também reforça uma frente de
negócios que estava relativamente desguarnecida pela Amil: o público da
classe C, aquele que, segundo os especialistas, moverá o Brasil nos
próximos anos. “Como a Medial tem maior presença no Nordeste,
que é hoje uma de nossas prioridades, seremos favorecidos por isso”, diz
Bueno. Em 2010, ele pretende abrir um novo escritório em Salvador, na
Bahia, ou no Recife, em Pernambuco. Por enquanto, nesses locais será
explorada a marca Medial, bastante conhecida na região.
O avanço consistente da Amil no setor não
enxerga limites. Olhando para o topo da pirâmide, aquele formado pelo
público “AA”, a companhia vislumbra uma nova investida. Em 2010, será
lançada em São Paulo uma marca premium de planos de saúde, a ONE.
Segundo Bueno, a ONE nasce com o objetivo explícito de concorrer com a
Omint e a Lincx, empresas que vendem produtos para esse público de alta
renda. Inicialmente, o produto vai ser oferecido apenas ao mercado
paulista, o mais rico do País, e depois deve ser expandido para as
principais capitais brasileiras. “Teremos serviços como reembolso em no
máximo 24 horas de qualquer tipo de consulta”, diz Bueno. A base da
operação já está montada.
Um andar num dos mais luxuosos prédios da
capital paulista, o Iguatemi Plaza, servirá como “QG” premium da ONE.
Nesse local, 35 agentes de primeira linha do grupo irão prospectar a
camada mais exclusiva de clientes. A operação será sustentada por uma
grande ação de marketing. “Vou me encarregar pessoalmente desse projeto,
inclusive entrando em contato com os clientes”, afirma Bueno.
Iniciativas como essa ressaltam a trajetória inovadora da Amil. A
empresa foi a primeira do País a lançar o serviço de resgate aéreo e
colocar no mercado planos de saúde que oferecem carência zero. Bueno
agora está envolvido na criação de um novo conceito de hospital, com
arquitetura mais amigável, muito verde em torno do prédio e espaço de
lazer para os médicos. A primeira experiência desse tipo será inaugurada
em 2010, em São Paulo. Com investimentos estimados em R$ 140 milhões, a
Amil vai introduzir o modelo em um hospital próprio no Jardim Anália
Franco, na zona leste de São Paulo. Em 2011, será a vez de um centro
médico na Barra da Tijuca, que consumirá recursos superiores a R$ 200
milhões. Tudo isso exige vigor financeiro. A Amil tem dinheiro em caixa.
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A empresa fechou o mês de setembro com sobra
líquida de R$ 1 bilhão e não descarta fazer uma nova emissão de ações.
Em abril de 2007, listou seus papéis na Bolsa de Valores de São Paulo, o
que lhe assegurou uma captação de R$ 1,2 bilhão. “É inegável que a Amil
tem saúde financeira para levar seus projetos adiante”, diz Frederico
Torolla, professor de economia da ES PM e especialista do setor.
Projetos não faltam para a Amil, o que se deve inclusive à personalidade
determinada do dono da empresa. Bueno é um turbilhão de ideias. No
momento, ele estuda uma forma de partir para o Exterior. “Como agora
existem poucas opções para compra no Brasil, talvez a saída seja partir
para a internacionalização”, diz. Nesse caso, a empresa tem uma
experiência que não foi bem-sucedida. Entre 1995 e 2005, levou sua marca
para os Estados Unidos, mas depois de uma década no mercado mais
competitivo do mundo teve de recuar. |