Servidores ameaçam fechar leitos de UTI

ALECY ALVES
Da Reportagem
Diário de Cuiabá 01/01/07
A ameaça de fechamento da metade dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), seis na neo-natal e cinco na adulta, está levando ao impasse a greve dos servidores do Hospital Universitário Júlio Müller, unidade de saúde escola da UFMT.

Ontem à tarde, logo depois da assembléia em que os servidores decidiram que a greve será mantida por tempo indeterminado, o superintendente do hospital, José Carlos Amaral, disse que recebeu um documento do Comando de Greve comunicando sobre o fechamento dos leitos de UTI e a suspensão do atendimento dos pacientes e exames que já estavam agendados.

No início da noite, quando já havia deixado o hospital, Amaral disse que recebeu informações de que os pedidos de internação na UTI estavam sendo negados. “Estou indignado com essa medida”, reagiu o superintendente, em entrevista por telefone.

Amaral informou que a direção do hospital e da UFMT estão discutindo que providências adotar no sentido de impedir que 50% das vagas nas UTIs sejam fechadas temporariamente pelo grevistas. Ele lembrou que o Ministério Público já acionou o hospital exigindo a manutenção do atendimento à comunidade.

Amaral reclamou da dificuldade de negociar com os grevistas dizendo: “cada hora que tentamos manter um canal de negociação aparece uma coisa nova na pauta de reivindicações”.

Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da UFMT (Sintuf), Paulo da Silva Ribeiro, reclamou que nenhuma das reivindicações da categoria foi atendida até agora. Ontem, como era esperado, o reitor da UFMT, professor Paulo Speller, respondeu o documento que o Comando de Greve lhe enviou na quarta-feira, mas não atendeu nenhum dos seis itens da pauta, segundo o sindicalista.

Conforme Paulo Ribeiro, a reitoria se manifestou contra, por exemplo, a redução da jornada de trabalho de 40 para 30 horas; eleição para superintendente do Hospital Universitário e não abriu mão de punir com corte de pontos os trabalhadores que estão em greve.

No caso da eleição, ponderou o sindicalista, a preocupação é que o superintendente atual exerce a função como interventor há mais de um ano.

Sobre a jornada de trabalho, Ribeiro reclamou que mesmo havendo legislação prevendo as 30 horas semanais e o Conselho Superior Universitário (Consuni) reconhecendo a legalidade, a reivindicação acabou negada. Hoje, a greve dos trabalhadores do HUJM completa cinco dias.

ESTUDANTES – Em assembléia geral ontem pela manhã, cerca de 300 alunos da UFMT decidiram por realizar uma marcha de ocupação dos “jardins da reitoria”, onde instalaram o acampamento que vem fazendo há uma semana na área do Restaurante Universitário. Eles aguardam um posicionamento da instituição quanto à pauta de reivindicação apresentada esta semana.