Defensora da eutanásia morre após desligamento de aparelho

A doente conseguiu autorização do Estado para morrer porque autoridades da Espanha diferenciaram a aplicação da eutanásia e o desligamento dos aparelhos
Agências internacionais

GRANADA - A mulher espanhola portadora de distrofia muscular progressiva que abriu caminho para um debate nacional sobre a aplicação da eutanásia finalmente pôde ver cumprido, nesta quarta-feira, 14, o desejo de que retirassem o aparelho respirador que a mantinha viva. Inmaculada Echevarría, de 51 anos, morreu logo depois de que o mecanismo de ventilação que a mantinha artificialmente viva foi desligado, no Hospital de San Juan de Díos, na Andaluzia.

A mulher foi previamente transferida para um hospital estatal para que pudesse cumprir seu desejo. Nos últimos 10 anos, Inmaculada foi tratada por um hospital ligado à Igreja Católica - o que dificultava a decisão pela eutanásia. Ela sofria de distrofia muscular progressiva desde os 11 anos e nos últimos 20 anos foi mantida em uma cama de hospital, conectada a um respirador artificial.

O caminho para a discussão sobre a aplicação da eutanásia foi aberto depois de ela ter dito que sua vida não tinha significado e que desejava que a ajudassem a morrer. A imprensa espanhola passou a dedicar-lhe atenção depois que ela começou a promover uma campanha em prol dos direitos dos doentes de enfermidades incuráveis que pedem ajuda para morrer.

A eutanásia é ilegal na Espanha e ajudar alguém a morrer é crime, com pena de pelo menos seis meses de prisão. Echevarría, que ficou conhecida como a enferma de Granada - sua cidade de origem - tinha, no entanto, a autorização do Comitê Ético da Junta de Andaluzia e do Conselho Consultivo Andaluz. Os dois órgãos diferenciaram o ato de desligar os aparelhos da aplicação de eutanásia. Para eles, tratava-se de um caso de "limitação de esforço terapêutico e não de eutanásia".

O embate de Echevarría para morrer casou exatamente com a exibição do filme Mar Adentro, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2006. No filme, o personagem principal questiona o direito de morrer quando se está completamente imobilizado em uma cama.