Pesquisa
realizada pelo Serviço de Fisioterapia do Instituto Central do Hospital das
Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP mostra que as sessões
de fisioterapia reduzem em até 40% o tempo de permanência do paciente
internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), quando aplicadas sem
interrupções, ou seja, 24 horas por dia. O estudo avaliou 500 pacientes,
num período de seis meses.
Segundo a professora Clarice Tanaka, do Departamento de Fisioterapia,
Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FM, responsável pela pesquisa, "a
redução de complicações com melhora significativa do paciente deve-se ao
tratamento noturno" Nos primeiros três meses, as atividades do
fisioterapeuta levaram 12 horas e a média de internação do paciente na UTI
foi de dez dias. Nos três meses seguintes, o atendimento foi de 24 horas e a
média de permanência do paciente caiu para seis dias.
O procedimento garante a "limpeza" contínua dos pulmões, permite a extubação
(retirada do tubo traqueal) no período noturno, reduz a agressão mecânica e
propicia recuperação pulmonar mais rápida do paciente. O estudo apontou
ainda que sem o trabalho intensivo dos profissionais, 24 horas por dia,
aumenta o risco de piora do quadro respiratório do paciente, obrigando a sua
reintubação, com possibilidades de contrair pneumonia, pelo uso da
ventilação mecânica.
QUALIDADE DE VIDA
A pesquisa aponta que a expansão dos serviços reduz o sofrimento dos
pacientes, permite a liberação mais rápida e segura dos leitos, com o
conseqüente aumento do número de vagas disponíveis Também diminuiu os riscos
de infecção hospitalar e propicia economia de recursos financeiros que
seriam usados na compra de antibióticos e outros medicamentos de alto custo.
A partir dos resultados da pesquisa, o HC tem implementado gradativamente
a fisioterapia integral em outras UTIs, com a criação de turnos extras à
noite, de modo a garantir melhor qualidade de vida ao paciente e familiar.
Ao mesmo tempo, o Instituto Central está implantando uma Unidade de
Atendimento Ambulatorial em Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia
Ocupacional , alta complexidade.
Com seis consultórios, três boxes individuais, três salas de atendimento
para fisioterapia em grupo, recepção e sala de espera, distribuídos em
438,60 metros quadrados, a nova unidade terá capacidade para 6.000
atendimentos de alta complexidade por mês.
Também será equipada com modernos instrumentos de avaliação funcional do
movimento como eletromiógrafo, plataforma de força e um sistema
especializado de câmeras. "O atendimento ambulatorial é essencial porque
garante a continuidade do tratamento e previne disfunções e seqüelas em
pacientes com distúrbios neurológicos, músculo-esqueléticos e
respiratórios", enfatiza Clarice Tanaka. "As sessões podem evitar a
limitação funcional de movimentos que, na maioria das vezes, afasta o
indivíduo do convívio social". (AE) |