Metodologia, Didática e Pesquisa Clínica: Conceitos, Diretrizes e Reflexões. ( Conteúdo da aula ministrada na Pós-Graduação do Instituto Brasileiro de Medicina Intensiva, Prof Douglas Ferrari ). Correspondência com autor( dê sua opinião ): douglasferrari@sobrati.com.br

 

Metodologia e Didática

A Metodologia consiste no conjunto de técnicas e teorias para colaborar na formação docente e de pesquisa. Interligada a Bioestatísca e Didática do Ensino, efetua conceitos e indicadores que transformam a visão e o raciocínio clínico na formação e análise do Projeto Científico.

A Didática do Ensino interliga-se com as técnicas e métodos a medida em que o saber e conhecimento são transferidos para gerações futuras, mudando e incrementando experimentos na evolução contínua da ciência. 

Para transmissão do conhecimento é necessário tê-lo. Tendências diversificam modelos e hoje chegamos as normas e diretrizes Acadêmicas ou Profissionalizantes.  Na defesa da formação profissionalizante em todos os graus do Professor, ou seja, Especialista, Mestre ou Doutor, o MEC ( Ministério da Educação ) reconhece a necessidade de se praticar e desenvolver a arte de ensinar e aprender em ambientes de trabalho. A Especialização Profissionalizante e o Mestrado Profissionalizante já reconhecidos em suas Portarias como aceitos e estimulados. Porém há que se diferenciar o papel da Universidade na pesquisa e prática científica, que portanto deve se aproximar exclusivamente aos modelos Acadêmicos Clássicos, formando principalmente cientistas em seus ricos laboratórios.

 

A Didática colabora na formação do Professor, mas não tem a força de criá-lo. A arte de Ensinar passa do aprendizado ao conhecimento, da formação ao desejo de modificar. O Professor é o elo entre o aprender e ensinar, é fator de profunda modificações sociais, tem a missão de transferir acima do conhecimento os princípios, a ética, a conduta e modelar o cidadão adulto ou criança para a Cidadania. 

 

Sumário da Disciplina de Metodologia do Ensino do Curso de  Especialização Profissionalizante em Terapia Intensiva do Hospital ( Centro Formador - SOBRATI ).

Ementa: Aplicação e análise dos conteúdos teóricos-práticos necessários para as funções do Intensivista referente à aplicação didática e de ensino nas atividades acadêmicas e profissionais. Objetivos Gerais: Visa a especializar profissionais de Terapia Intensiva em Metodologia do Ensino Superior, com vistas formação e desempenho nas atividades de docência através da compreensão de fundamentos teóricos aplicados a situações práticas e conseqüente melhoria do ensino.

Resolução 12/83 CFE ( Resumo)

De acordo com a Resolução nº 12/83 do CFE, nos cursos de especialização deverão ser oferecidos disciplinas de formação didático-pedagógica de pelo menos 60 h/aula. A resolução CES nº 3/99 ratifica essa exigência. É dentro deste dispositivo que esta disciplina se situa. Objetivo - Destacar o papel da universidade na formação de docentes para o ensino superior para:
- Repensar a função docente em face das demais funções da universidade de hoje;
- Analisar criticamente as principais contribuições da didática para atuação do professor universitário;
- Propor alternativas para uma prática pedagógica transformadora.

Proposta para Disciplina Metodologia e Didática do Ensino Superior ( Especialização em Terapia Intensiva - Recomendação Centro Formador SOBRATI )

Teorias da Aprendizagem, Teorias do Conhecimento, Metodologia da Pesquisa, História da Educação Superior, Organização da Educação Superior, Universidade e Pesquisa, Didática e Metodologia do Ensino Superior, Avaliação no Ensino Superior, Tecnologia Educacional no Ensino Superior, Bioestatística, Pesquisa e Prática Clínica, Medicina Baseada em Evidências.

Formação do Especialista: Somente quando Reconhecido nas Ordens ou Sociedades Nacionais.

O Parecer 908/98 do Conselho Nacional de Educação (CNE) deixa claro a diferenciação da formação Acadêmica que se traduz em Especialização Lato Sensu e seu caráter não abrangente no campo total do saber em que se insere a especialidade, portanto destinado a formação docente e não a inserção final na especialidade.

A epidemiologia Clínica como ciência e aliada da Pesquisa.

A Epidemiologia Clínica caracteriza-se como Metodologia para obtenção de dados em estudos humanos, interpretá-los e concluí-los com validade. Na obtenção dos dados desenvolve técnicas ou métodos analíticos ou descritivos. O primeiro   estabelece hipótese e relações casuais, o segundo também designado não-analítico observacional descritivo estabelece revisão sistemática (metanálise) ou não sistemática da literatura. Ainda os analíticos podem ser Intervencionais ( Experimentos ) ou Observacionais.

O Pequisador x Cientista

Há que se diferenciar o papel do Cientista  que pratica conhecimento através do desenvolvimento de experimentos próprios e observacionais do Pesquisador que busca , investiga e averigua em determinada área de conhecimento os fatos e seus princípios. Portanto na formação Profissionalizante ocorre a prática do campo de conhecimento, observa-se, aprende-se e transfere conhecimento. Para a formação pura acadêmica, o experimento e geração do conhecimento passa no Experimento. Portanto todo cientista é pesquisador, mas nem todo pesquisador é cientista.

A Medicina Baseada em Evidências ( MBE )

" MBE é a arte de aplicar o conhecimento científico na prática clínica". Sem dúvida o elo entre a prática clínica e o conhecimento é estreito. Do Ensino a Prática e da Prática ao Ensino existe a constante troca. A importância da MBE está na geração de fatos que confirmem ou não o que se diz ou se tem como verdadeiro. As evidências demostram, por exemplo,  que altos de Picos de Pressão no ventilador Mecânico são iatrogênicos, e somente na observação clínica os valores inferiores contra os "Consensos" já foram modificados e aceitos. A MBE se traduz através da prática da medicina em um contexto em que a experiência clínica é integrada com a capacidade de analisar criticamente e aplicar de forma racional a informação científica de forma a melhorar a qualidade da assistência médica," é processo contínuo, analítico, de observação e crítica e evidência dos fatos". (" Contra ou a favor , na evidência dos fatos não há argumentos " )

 

Ética e Pesquisa

"Quando temos a nobre missão de curar ou atenuar sofrimento na UTI, sentimos que a ciência e a história da nossa profissão ultrapassa limites muitas vezes físicos. Por nossa função e missão, somos obrigados novamente a exercer a ética plena e abandonar as vicissitudes da vida , do cotidiano e da fragilidade emocional, física e psíquica do homem comum. Não somos melhores ou piores, também não somos iguais, mas diferentes sim no modo e profissão que podemos fazer. Este é o orgulho e privilégio , o qual acima do que a vida nos impõe, respeitamos e juramos nossa conduta baseada em princípios" (DF).

Os experimentos científicos ganharam proporções importantes e vitais para o desenvolvimento da ciência. As marcantes modificações e evoluções necessitavam limitações aos experimento em Humanos. A II Grande Guerra Mundial mostrou a vulnerabilidade da consciência humana culminando com o genocídio ( crime contra a espécie ) e graves distorções e condutas de profissionais transgredindo princípios humanos, religiosos e respeito gerando atrocidades.

 

Holocausto: genocídio e fim da consciência Humana. ( 800.000 sapatos de crianças mortas nos campos de concentração nazista)

 

Holocausto: Prisioneiros libertados por força aliadas em 7/maio/1945 - seriam utilizados para experimentos e autópsia.

 

Holocausto: Sala de "Experimento científico com humanos" e o Médico carrasco nazista Joseph Mengele.

 

Mulher de 30 anos vítima dos experimentos

 O Holocausto marcou a humanidade para a história degradante e os limites sem fronteiras da pesquisa clínica desvirtuada, agressiva, perversa e degradante . Para a ética da Pesquisa, surge no Tribunal de Nuremberg em Genebra, o Código de Nuremberg ( 1947 ). Posteriormente surgem novos Códigos e Declarações Internacionais* e no Brasil o CONEP, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde que na resolução 196 estabelece as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas em Seres Humanos.

Códigos de Ética e Declarações dos Direitos Humanos

Código de Nuremberg ( 1947 ) »»

Princípios na Pesquisa em Humanos : Consentimento Voluntário; Não deve ser realizado se desnecessário; Baseado em conhecimento prévio; Sem sofrimento; Não pode ser feito na hipótese de invalidez ou morte; Somente através de pessoas qualificadas; Faculta o direito da pessoa retirar-se do experimento, Interrupção quando  iniciar possibilidade de dano à pessoa...

Declaração dos Direitos do Homem (1948) »»

Declaração de Helsinque ( 1964) »»

Acordo Internacional sobre Direitos Civis e Políticos ( ONU) ( 1966) »»

Congresso Nacional Brasileiro (1992) »»

Declaração Universal dos Direitos dos Homens - Paris (1978) »»

Somos uma Família Humana; Consciência da Humanidade; Todas as pessoas nascem livres, Iguais em Dignidade e Direito; As pessoas são dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade; todos temos Direito a vida e a Liberdade e segurança pessoal; Ninguém será submetido a tortura, nem tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante; Temos Deveres com a comunidade...

Diretrizes Internacionais para Revisão Ética de Estudos Epidemiológicos OMS (1991) »»

CNS ( n 196 ) Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas em Seres Humanos »»

                    CONEP: Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.( CNS ) »»

Consentimento livre e esclarecido; Proteção do grupo vulnerável, incapazes; Ponderação: Risco x Benefício; Garantia de evitar danos; Feito se não houver outro meio; Obedecer metodologia adequada; Privacidade, confidencialidade e proteção imagem pessoa objeto da pesquisa; Indivíduos com autonomia plena ( exceção do possível benefício ); Evitar gestantes; Respeitar a comunidade;  Inexistência de conflito entre pesquisador e patrocinador...

 

 

A Nova Era da Pesquisa

A Pesquisa para o bem estar da Humanidade: Dr Jonas Salk.

 

A Pesquisa para o bem estar da Humanidade: Dr Albert Sabin

 

Holocausto: A resposta do sobrevivente. "Salvar mais vidas..."Dr Peter Safar ( primeiro médico intensivista, idealizador do ACLS e ventilação boca a boca ).

 

O animal na Pequisa

Declaração Universal dos Direitos dos Animais

( animal submetido a experimento com privação e dor: abandono da essência à vida )

1 - Todos os animais têm o mesmo direito à vida.
2 - Todos os animais têm direito ao respeito e à proteção do homem.
3 - Nenhum animal deve ser maltratado.
4 - Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres no seu habitat.
5 - O animal que o homem escolher para companheiro não deve ser nunca ser abandonado.
6 - Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor.
7 - Todo ato que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida.
8 - A poluição e a destruição do meio ambiente são considerados crimes contra os animais.
9 - Os direitos dos animais devem ser defendidos por lei.
10 - O homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais.

 

O Intensivismo como Ciência da Superação

A flor brota na neve.

O intensivismo se resume em ato, presença e solidariedade. A vida como ela é, só nos faz gente quando vivemos com e como gente, com suas fraquezas, mas que nos eleva na medida em que na conduta transforma as dificuldades em superações. Assim é o verdadeiro intensivista, que aprende nos momentos e dramas humanos a grande lição da vida: a humildade e a esperança. ( DF)

 

( dedico este artigo a minha filha Marielle )

 Educar é processo contínuo e deve ser obedecido em todas suas etapas. A formação humana inicia na transmissão dos princípios éticos, de fraternidade e de amor e respeito à vida e seu semelhante nos degraus da Educação Escolar e no alicerce da família. O homem do amanhã nascerá na criança do passado.

"Prá que nossa esperança seja mais que vingança, seja sempre um caminho que se deixa de herança... Ivan Lins )

Idéias e ideais do Autor:

1- Ideais:

2- Idéias: