18/08/2006
CORREIO DO ESTADO - Mato Grosso do Sul
CAOS Médicos dizem que são obrigados a optar entre pacientes na hora de disponibilizar as vagas. Filas de espera estão sendo comuns nos três principais hospitais

 
Fila na UTI revela crise na saúde da Capital
 
Valdenir rezende
Filas de espera nos hospitais de Campo Grande chegam a registrar, em certos dias, até 10 pacientes

LIDIANE KOBER

 

O setor hospitalar de tratamento intensivo vive uma das piores crises registradas em Mato Grosso do Sul. O problema é a falta de leitos, que já se arrasta ao longo dos anos. A situação se complica no momento, pois médicos revelam que são obrigados a optar entre pacientes na hora de disponibilizar as vagas. Filas de espera são comuns nos três principais hospitais da Capital, em certos dias, elas chegam a atingir 10 pessoas.

A crise se concentra nas instituições de saúde de Campo Grande, que dispõem de mais de 50% das vagas de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) no Estado. Devido à falta de espaço adequado, são improvisados leitos em centros cirúrgicos e até mesmo no pronto-socorro. Como é o caso do Hospital Universitário (HU) e do Hospital Regional, respectivamente.

Conforme o responsável pela UTI adulta do HU, Sérgio Félix Pinto, 10 pacientes já chegaram a aguardar por uma vaga. "Cada dia que passa fora da UTI, o estado de saúde da pessoa se agrava e as chances de reverter o quadro diminuem", observa. Ele acrescenta que em média cinco pacientes esperam na fila da unidade por dia.

O diretor-geral do Hospital Regional, José Roberto Paquera, avalia que para normalizar a situação seria necessário dobrar o número de leitos na Capital. "O problema sempre existiu, mas, com o aumento da população e da qualidade de atendimento do setor público a demanda cresce sem parar", comenta. O custo médio diário, em uma clínica particular, de uma internação em UTI é de R$ 2 mil, sendo que através do Sistema Único de Saúde (SUS), o enfermo não tem gastos.

Portaria do Ministério da Saúde indica que o ideal seria ofertar de dois a três leitos para cada mil habitantes, sendo que 10% deles em UTIs. Em Mato Grosso do Sul, residem 2.264.000 habitantes, pelo cálculo, o correto seria disponibilizar mais de 450 vagas, porém, só existem cerca de 270, conforme dados da Secretaria do Estado da Saúde.

Visando amenizar os transtornos ocasionados pela alta demanda, atua 24h na Capital a Central de Regulação de Lei. O órgão permanece em constante comunicação com os hospitais da Capital, com a missão de informar em qual instituição é possível remanejar os pacientes e conseguir uma vaga. "É necessário muito bom senso na hora de avaliar. A gravidade da situação é determinante neste momento, pois irá indicar a melhor maneira de agir", destaca o presidente da junta administrativa da Santa Casa, Rubens Trombini Garcia.