UTI NEONATOLOGIA
Uma das características do período neonatal são as altas taxas de morbi-mortalidade devido ser uma fase de grande fragilidade do ser humano e a alta propensão a ocorrência de seqüelas muitas vezes incapacitantes e de longa duração. Para que estas taxas diminuam e haja a recuperação de alguma patologia que venha ocorrer neste período sem que haja seqüelas, é indicado o encaminhamento para Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN).
Na unidade de cuidados intensivos neonatais são internados, principalmente, os recém-nascidos prematuros, que correm risco de vida e necessitam de cuidados 24h por dia, bem como aqueles que sofreram algum problema ao nascimento.
Um centro criado em 1947, na Universidade do Colorado, além dos cuidados prestados aos prematuros, possuía leitos para mães com gravidez de risco para parto prematuro e programas de treinamento para médicos e enfermeiros para serem ministrados em todo o Colorado.
Arvo Ylppo, pediatra finlandês, publicou monografia sobre patologia, fisiologia, clínica, crescimento e prognóstico de recém-nascidos, relatos que serviram como ponto inicial para pediatras clínicos, professores e investigadores. Em 1924, o pediatra Albert Peiper, interessou-se pela maturação neurológica de prematuros. Silverman foi pioneiro em estabelecer o uso de processos cuidadosamente controlados em berçário de prematuros. O interesse da Dra. Dunhan sobre problemas clínicos dos recém-nascidos levou-a a enfatizar a importância do controle contínuo dos dados federais sobre a mortalidade de recém-nascidos. Isto serviu de base para a política federal, aumento do interesse nos serviços de cuidados materno-infantis assim como nas pesquisas peri e neonatais (AVERY et al., 1984).
Ainda segundo AVERY (1984), o termo Neonatologia foi estabelecido por Alexander Schaffer cujo livro sobre o assunto, "Diaseases of the Newborn", foi publicado primeira vez em 1960. Este livro junto com o "Physiology of the Newborn Infant", de Clement Smint, constituem a base do novo campo (AVERY et al., 1984).
INSTALAÇÃO
Na instalação de uma unidade de atendimento ao RN e
gestante tem-se seguindo o modelo de 'Sistema de Regionais Integrado e
Hierarquizado'. Este modelo tem implícito a assistência integral à gestante
e ao RN, sendo que a atenção é efetuada dentro do nível hierárquico em
que o caso for indicado. No caso de maternidades, o sistema prevê três níveis
com um adequado sistema de referência e contra-referência entre eles, a
saber:
A UTIN deve ser localizada dentro de uma estrutura hospitalar que disponha de recursos para o diagnóstico e tratamento de qualquer tipo de patologia neonatal, incluindo os procedimentos especializados (cateterismo umbilical e cardíaco, cirurgia neonatal, assistência ventilatória, monitorização de dados vitais, etc.), próxima do centro cirúrgico e sala de parto.
A UTIN precisa ser bem planejada, para evitar falta ou leitos ociosos e para isto é preciso considerar alguns fatores importantes, como:
A UTIN pode ser dividida nas seguintes áreas:
A assistência a um RN exige vigilância constante de pessoal competente e bem treinado, dadas as características de emergência, freqüentemente oligossintomática, da patologia neonatal.
EQUIPE MÉDICA
- 1 MÉDICO CHEFE
- 1 MÉDICO PLANTONISTA/ 24H/ 100 NASCIMENTOS/ MÊS (deverá estar presente em todos os partos para realizar a assistência ao RN durante as 24h do dia.
-2 MÉDICOS DIARISTAS/100 NASCIMENTOS/ MÊS
EQUIPE DE ENFERMAGEM
A Equipe de Enfermagem da Unidade de Neonatologia deverá permanecer sob a supervisão constante de uma enfermeira com treinamento específico em neonatologia. Todo o pessoal auxiliar deve ser submetido a treinamento prévio e mantido em atualização constante e fixo no setor.
CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS
CUIDADOS ESPECIAIS
Todas as salas deverão ter número suficiente de pontos de vácuo, de oxigênio e de instalações elétricas.
SALA DE ADMISSÃO
Deverá ter
SALA DE OBSERVAÇÃO
Deverá ter:
O trabalho da enfermeira dentro de uma UTIN é um desafio constante, pois requer vigilância, habilidade, respeito e sensibilidade, porque o paciente que vai ser atendido não fala, é extremamente vulnerável e altamente dependente da equipe que lhe está prestando assistência. Segundo Okikawa & Lund, o planejamento e a liberação de cuidados de enfermagem a neonatos gravemente enfermos, constitui um processo muito complexo e cuidadoso, e requer uma cuidadosa avaliação para determinar a eficácia tanto da terapia médica quanto da enfermagem (apud KLAUS & FANAROFF, 1994)
A enfermeira é responsável por promover a adaptação do RN ao meio externo (manutenção do equilíbrio térmico adequado, quantidade de umidade, luz, som e estimulo cutâneo), observar o quadro clínico (monitorização de sinais vitais e emprego de procedimentos de assistência especial), fornecer alimentação adequada para suprir as necessidades metabólicas dos sistemas orgânicos em desenvolvimento (se possível, aleitamento materno), realizar controle de infecção, estimular o RN, educar os pais, estimular visitas familiares, elaborar e manter um plano educacional, organizar, administrar e coordenar a assistência de enfermagem ao RN e a mãe, desenvolver atividades multidisciplinares, orientar o ensino e supervisionar os cuidados de enfermagem prestados, entre outras atividades (VIEGAS, 1986; FONTES 1984).
Em neonatologia é necessário a conscientização de que quanto mais cedo forem identificados os fatores de risco para o RN, melhores as condições para serem ajudados. Este é um dos papéis da enfermagem neonatal para promover segurança ao RN.
Além da assistência ao RN, caberá enfermagem o controle do uso e conservação dos materiais e instrumental, registro de todas as ocorrências importantes referentes ao RN, bem como ao pessoal, as mudanças de procedimento, entre outras coisas.
Um aspecto importante para assistência de enfermagem neonatal é a criação de um ambiente propício para o tratamento do RN, livre de estímulos nocivos, que promova o desenvolvimento positivo do RN e minimize os efeitos negativos da doença e da separação dos pais.
O papel da enfermagem envolve o relacionamento
com os familiares do RN. No período neonatal estaria fortalecendo-se o vínculo
afetivo entre mãe e filho, mas quando a criança precisa ser encaminhada
para uma UTIN, logo após o parto, esta ligação fica prejudicada.
A enfermeira deve ajudar os pais a começarem a estabelecer o vínculo com
seu filho durante a internação na UTIN. É necessário explicar
os procedimentos realizados, o tratamento e reforçar continuamente as
informações passadas pelo médico do RN em relação à sua condição e
prognóstico. A enfermeira constitui, portanto, a fonte de apoio para os
pais.
ALTA
HOSPITALAR DA CRIANÇA: IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM
CSMC: Neonatoly on Web / TIPE
/
AVERY, G.B. Neonatologia, Fisiologia e Tratamento do Recém-Nascido. 2 ed., Rio de Janeiro: Medsi, 1984, 1035 p.
CALIL, R.; VEIGA, J.F.F. Controle de Infecção em Neonatologia , texto ainda não publicado.
DINIZ, E.M.A. et al. Manual de Neonatologia. São Paulo: Sociedade de Pediatria de São Paulo, Physi Revinter, 1994, 342 p.
FONTES, J.A.S. Perinatologia Social. São Paulo: Fundo Editorial BYK, Proceinx, 1984, 892 p.
MIURA, E. Neonatologia: Princípio e Prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991
ALBANO, N; MIRANDA, L.E.V. Organizão da Unidade de Tratamento Intensivo. In VIEGAS, D.; MORAIS, R.V.; Neonatologia Clínica e Cirúrgica. São Paulo: Ateneu, 1986,p 367-70.
VEIGAS, D.; GRAJWER, L.A.; GRINFELD, H.; SILVA, L.L.A. A Assistência ao Recém Nascido de Alto Risco. In: VIEGAS, D.; MORAIS, R.V. Neonatologia Clínica e Cirúrgica. São Paulo: Ateneu, 1986, p. 351-65.
GRAJWER, L.A. Necessidades Básicas de Equipamentos em uma Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal. In: VIEGAS, D.; MORAIS, R.V. Neonatologia Clínica e Cirúrgica. São Paulo: Ateneu, 1986, p. 371-77.
A autora desta página é bolsista de Iniciação
Científica da FAPESP. Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena Baena de Moraes Lopes
Agradecimentos: Profa. Ianê Nogueira do Vale pela revisão do texto e
cessão das fotos.
Página da UNICAMP - SP