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Tecnocientista - 16/03/07
BOCA-A-BOCA NÃO AJUDARIA EM
ATAQUE CARDÍACOS
As chances de se sobreviver a um ataque cardíaco fora de um hospital
dobram se alguém próximo fizer exclusivamente compressões torácicas,
deixando de lado a respiração boca-a-boca, amplamente considerada um
procedimento de socorro padrão, revela um estudo que será publicado
nesta sexta-feira.
Segundo o estudo, publicado na revista científica britânica The Lancet,
há algo errado com este senso comum de primeiros socorros, que na
verdade faz mais mal d
o que bem. "Não há
evidências de qualquer benefício na respiração boca-a-boca", escreve
Ken Nagao, médico do hospital universitário Nihon, em Tóquio, que
conduziu o estudo que acompanhou mais de 4 mil casos de paradas
cardíacas na região japonesa de Kanto.
As chances de sobrevivência com um "resultado neurológico favorável"
são duas vezes maiores quando o socorrista evita o boca-a-boca e se
concentra exclusivamente em tentar reanimar o coração por meio de
compressões torácicas ritmadas. "As descobertas deveriam levar a uma
revisão provisória rápida das diretrizes para (se socorrer) uma parada
cardíaca fora do hospital", adverte em um comentário Gordon Ewy, diretor
do Centro Cardíaco Sarver, da Universidade do Arizona.
O propósito de soprar ar para os pulmões de uma vítima de ataque
cardíaco é oxigenar o sangue, enquanto a massagem cardíaca tenta fazer o
coração voltar a bater ou restabelecer seus batimentos regulares. Mas
esta inédita comparação em larga escala das taxas de sobrevivência de
pacientes vítimas de parada cardíaca contesta a técnica padrão de
ressuscitação cardíaca, ensinada a milhões de pessoas ao redor do mundo,
acrescenta Ewy.
"Descobrimos que a taxa de sobrevivência é maior até mesmo quando o
sangue tem menos oxigênio, mas é estimulado a se mover pelo corpo por
meio de contínuas compressões torácicas", reforça. Dos 4.068 adultos
examinados que tiveram ataque cardíaco na frente de estranhos, 439
receberam ressuscitação cardíaca e 712, ressuscitação com respiração
boca-a-boca. Mas 2.917 - mais de 70% - foram deixados à própria sorte.
"Estudos demonstram que, devido ao fato de as diretrizes usuais de
ressuscitação exigirem a ventilação boca-a-boca, a maioria das pessoas
não se sentiria capaz de efetuá-la em um estranho, em parte por medo de
contrair doenças", explica Ewy
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