Diário do Nodeste
A taxa de
ocupação nos leitos de UTI neonatal de Fortaleza é sempre de 100%, embora o
ideal fosse 80%, para haver revezamento. Ontem de manhã, nos setores da
Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac) e do Hospital Geral César Cals (HGCC),
todos os leitos estavam ocupados e ainda havia incubadoras extras.
Na opinião da chefe do Serviço de Neonatologia do HGCC, Willzni Rios, a
lotação compromete material e pessoal. No caso de pessoal, a área é afetada
porque os profissionais ficam sobrecarregados.
Dos 21 leitos de alto risco da casa e dos 36 de médio risco, ontem todos
estavam ocupados, sendo que havia um extra de alto risco.
“Já faltou sonda traqueal (para aspiração), tubo traqueal. Tudo devido ao uso
recorrente. Por conta disso, é preciso comprar material de emergência, o que
representa gasto inesperado para o hospital”, explica, acrescentando que
recentemente isso foi feito, com licitação. “O profissional é altamente
especializado, mas é uma rotina muito estressante, que sobrecarrega”, diz. Por
conta da demanda, Willzni informa que não é possível manter os leitos muito
separados, como o Ministério da Saúde preconiza. “Tentamos ao máximo”.
Programação
A quantidade de bebês nas UTIs varia muito, às vezes no mesmo dia. Há crianças
que precisam passar horas na unidade, outras ficam meses. Portanto, em uma
tarde podem-se encontrar quatro leitos extras e, na manhã seguinte, nenhum. Há
casos ainda em que antes do parto se sabe que o bebê irá para a UTI neonatal.
“Aí tem que ter uma incubadora pronta, toda programada”, frisa a médica. Para
ela, muitas das ocorrências se dão por falta de cuidados na atenção básica, na
qualidade do pré-natal.
Na Meac, ontem de manhã, havia 28 bebês na UTI de alto risco, enquanto o
espaço é para 21 crianças. “Isso faz com que sempre tenha funcionário fazendo
hora extra”, explica a diretora do hospital, médica Zenilda Bruno.
Nessa segunda-feira não havia leito extra, além dos 30 na UTI de médio risco,
sendo que todos estavam ocupados.
Desde que a verba do Programa Saúde Mais Perto de Você foi cortada, em
dezembro, o hospital está arcando com os R$ 60 mil antes enviados pelo
programa para pagar horas extras dos profissionais e pagar medicamentos. Como
informa Zenilda, as conseqüências ainda não podem ser sentidas porque a Meac
está usando estoque de compra feita antes do corte. “Ninguém foi dispensado”,
assegura.